Os indicadores econômicos são elementos essenciais para o pleno funcionamento de diversos setores do país, no entanto, poucos são tão importantes e decisivos quanto esse que iremos falar hoje.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerado o termômetro oficial da inflação no Brasil.
Calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA reflete as variações de preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos por famílias no país.
Este índice é necessário para entender como o custo de vida está evoluindo e afeta diretamente o poder de compra dos brasileiros.
Além de seu papel na vida cotidiana dos cidadãos, o IPCA tem uma influência significativa nas decisões de política econômica, especialmente no que tange à política monetária conduzida pelo Banco Central do Brasil.
Ele serve como base para a definição da meta de inflação que, por sua vez, orienta ajustes na taxa básica de juros, a Taxa Selic.
Portanto, reunimos nesta publicação as principais informações sobre o IPCA, como é calculado, qual o índice a ser utilizado no contrato de aluguel e muito mais.
Assuntos que você irá encontrar:
- O que é IPCA?
- Para que serve o IPCA?
- Como calcular o IPCA?
- Qual a relação entre IPCA e a Taxa Selic?
- IPCA ou IGP-M nos contratos de aluguel?
- Como funciona a inflação?
- O que é IPCA+?
- Qual o valor do IPCA hoje?
O que é IPCA?
O IPCA significa Índice de Preços ao Consumidor Amplo, ou também Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, um indicador oficial de inflação do Brasil.
Ele é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E mede a variação de preços dos produtos e serviços que compõem a rotina de gastos de toda a população brasileira que possui renda de 1 a 40 salários mínimos.
Desde 1979, o IBGE utiliza o IPCA para avaliar o poder de compra da moeda brasileira.
Esse índice é utilizado como referência para a meta de inflação estabelecida pelo Banco Central do Brasil. Atingir a meta de inflação é crucial para a política monetária, influenciando decisões sobre a taxa básica de juros (Selic).
Além disso, o IPCA também é usado para corrigir valores em contratos, como aluguéis, e para ajustar benefícios sociais, como aposentadorias e pensões.
Para que serve o IPCA?
O IPCA serve para medir a inflação de uma variedade de produtos e serviços disponíveis no varejo, que são parte do consumo pessoal das famílias brasileiras.
Com certeza você já ouviu falar nos noticiários sobre a alta da inflação, certo? Em outras palavras, isso significa que houve um aumento no IPCA.
Além disso, o IPCA serve para várias funções importantes na economia brasileira:
1. Meta de inflação: o Banco Central do Brasil utiliza o IPCA como referência para estabelecer e perseguir a meta de inflação.
Atingir essa meta é crucial para manter a estabilidade econômica do país. Se a inflação medida pelo IPCA está acima ou abaixo da meta estabelecida, o Banco Central pode ajustar a taxa básica de juros (Selic) para controlar a inflação.
2. Reajuste de contratos: o IPCA é frequentemente usado para indexar contratos econômicos no Brasil, incluindo aluguéis, contratos de longo prazo, e ajustes de tarifas públicas, como energia e água, garantindo que os valores pagos reflitam as variações do custo de vida.
3. Ajuste de benefícios sociais: benefícios como aposentadorias, pensões e outros pagamentos governamentais são ajustados com base no IPCA para garantir que mantenham seu valor real frente à inflação.
4. Planejamento financeiro: investidores e gestores financeiros usam o IPCA para avaliar o desempenho real dos investimentos, comparando a rentabilidade nominal com a inflação para calcular a rentabilidade real, que indica o verdadeiro ganho de poder de compra.
Dessa forma, o IPCA é uma ferramenta essencial para monitorar a inflação, orientar políticas monetárias, ajustar contratos e benefícios, e auxiliar no planejamento financeiro e estratégias de investimento.
Como calcular o IPCA?
Para determinar o valor do IPCA, o IBGE realiza mensalmente uma coleta de aproximadamente 430 mil preços em 30 mil pontos de venda distribuídos em 13 áreas urbanas do país.
Posteriormente, esses preços são comparados com os valores do mês anterior.
O resultado dessa comparação é um valor médio ponderado que indica a variação geral dos preços ao consumidor no intervalo analisado.
Os produtos e serviços levados em conta na análise são divididos em 9 grupos, sendo eles:
Habitação Saúde e cuidados pessoais;
Artigos de residência;
Transportes Comunicação;
Despesas pessoais;
Vestuário;
Educação.
Confira abaixo a tabela de peso mensal utilizada como referência para o mês de novembro de 2024:
Categoria | Peso (%) |
Vestuário | 0,36% |
Alimentação e bebidas | 1,34% |
Transportes | 0,82% |
Educação | -0,01% |
Toda essa metodologia de ponderação aplicada pelo IBGE é feita com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).
Essa pesquisa é realizada periodicamente pelo instituto para entender a composição e as mudanças dos hábitos de consumo da população brasileira.
Qual a relação entre IPCA e a Taxa Selic?
Se você leu o nosso último artigo atualizado sobre a Taxa Selic, já sabe que é através dela que o Copom (Comitê de Política Monetária), órgão do Banco Central, busca alcançar a meta definida para o ano.
Assim, a manipulação da Taxa Selic é um instrumento importante na política monetária do Governo para controlar a inflação.
Por exemplo, se o IPCA registra uma alta, o Comitê de Política Monetária (Copom) tende a elevar a Selic.
Isso torna o crédito mais caro, o que pode desencorajar o consumo e, consequentemente, ajudar a reduzir a inflação.
Em períodos em que o Governo deseja estimular o consumo, o Copom opta por reduzir a Selic, tornando o crédito mais acessível e incentivando as famílias a aumentarem seu consumo.
Além disso, a Taxa Selic também é estrategicamente ajustada para responder a crises econômicas.
Desse modo, esses ajustes refletem a resposta contínua das autoridades monetárias às flutuações econômicas e inflacionárias.
IPCA ou IGP-M nos contratos de aluguel?
O IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado) sempre foi o indicador de referência mais adotado nos contratos de aluguel.
Entretanto, com os efeitos da pandemia da Covid-19 na economia brasileira, o IGP-M disparou de maneira incontrolável.
Por exemplo, entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, o IGP-M se aproximou da marca histórica de 30%.
Com isso, tanto os locadores, quanto os locatários tiveram dificuldades para chegar a um acordo sobre o reajuste dos aluguéis.
Essa escalada do IGP-M também levou grandes empresas do mercado imobiliário a adotarem o IPCA como referência nos seus contratos de aluguel.
Isso porque, além de manter um percentual mais justo em comparação ao IGP-M, o IPCA ilustra melhor os hábitos de consumo da população.
Portanto, existe uma tendência mais recente de adotar o IPCA como índice de reajuste para contratos de aluguel, refletindo de maneira mais precisa as alterações no poder de compra dos inquilinos e apresentando menor volatilidade.
Diferença do IPCA para o IGP-M
Embora ambos os índices registrem o aumento de preços na economia, o IGP-M e o IPCA são calculados com base em diferentes conjuntos de dados, refletindo distintas inflações dependendo do custo de vida ou da naturalidade de cada negócio.
Desse modo, como falamos anteriormente, o IPCA foca na variação de preços de uma cesta diversificada de despesas.
Já o IGP-M não se limita aos preços para o consumidor, abrangendo setores como indústria e agropecuária, e inclui também componentes da construção civil.
Portanto, a inflação medida pelo IGP-M pode estar mais distante do cotidiano das famílias e sofrer oscilações significativas devido a fatores que são mais macroeconômicos.
Como funciona a inflação?
Em geral, os preços na economia se ajustam de acordo com as forças de demanda e oferta por produtos e serviços.
Quando há uma demanda elevada por determinados produtos que superam a capacidade de produção, é natural que os preços desses produtos aumentem.
Em contraste, durante períodos de retração no consumo, os preços tendem a se estabilizar ou até mesmo cair.
No entanto, é importante levar em consideração que esses padrões não são absolutos.
Dessa forma, em certos casos, mesmo em economias que enfrentam recessão, pode-se observar períodos de inflação elevada, um fenômeno conhecido como estagflação, que ocorre quando um país passa por um rápido aumento nos preços simultaneamente a uma diminuição da atividade econômica.
O que é IPCA+?
O termo "IPCA+" é frequentemente utilizado no contexto de investimentos financeiros no Brasil, especialmente em referência a títulos públicos como as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) e fundos de investimento que acompanham esses títulos.
Esse termo indica que o rendimento do investimento está atrelado ao IPCA, mais uma taxa de juros real pré-fixada.
Qual o valor do IPCA hoje?
De acordo com a última atualização do Remessa Online, com relação ao mês de novembro de 2024, o valor do IPCA hoje teve variação de 0,39%.
E se você chegou até aqui e quer continuar se atualizando sobre os índices, aproveite para conferir a nossa publicação sobre as principais taxas do mercado imobiliário.