Independente da sua área de atuação, você provavelmente já ouviu falar da Taxa Selic, certo?
Ela é nada mais nada menos que a taxa básica de juros da economia brasileira. A Taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central do Brasil para controle da inflação.
No mercado imobiliário, os juros ditam os rumos do setor, influenciando desde as taxas de financiamentos imobiliários até os rendimentos e oportunidades de negócios.
Dessa forma, entender o funcionamento do indicador e qual a sua importância tanto para a economia do país quanto para o mercado imobiliário, permite que você esteja preparando para lidar com a dinamicidade do setor.
Por isso, trouxemos neste post todos os detalhes que você precisa saber sobre a Taxa Selic e a sua relação direta com o mercado de imóveis.
Assuntos que você irá encontrar:
- O que é a Taxa Selic?
- Quem define a Taxa Selic?
- Diferenças entre as variações da Taxa Selic;
- Para que serve e como funciona a Taxa Selic?
- Como a Taxa Selic influencia o mercado imobiliário?
- Qual é a Taxa Selic de hoje?
O que é a Taxa Selic?
Criada oficialmente em 1999 pelo Banco Central do Brasil (BCB), a Taxa Selic surgiu como uma medida para substituir o sistema de banda de juros.
Nele, o Banco Central fixava uma taxa básica de piso e uma taxa de teto de 41% para todos os juros do país.
Mas afinal, o que significa Selic? O termo é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia.
Ou seja, um programa virtual gerido pelo BCB onde são registradas todas as operações de compra e venda de títulos do Tesouro Nacional realizadas pelas instituições financeiras.
Quem define a Taxa Selic?
A Taxa Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil.
O grupo é formado por nove cadeiras, sendo oito delas pertencentes aos diretores que comandam as diferentes áreas do órgão, e a última destinada ao presidente da autoridade monetária.
O comitê se reúne a cada 45 dias e define o percentual da Taxa Selic com base nas operações diárias de títulos públicos, e sua variação impacta diretamente o curso do dinheiro no país.
Além disso, o Copom analisa uma série de fatores internos e externos como as expectativas da inflação, o balanço de riscos e a atividade econômica mundial.
Dessa forma, o grupo fica responsável por definir se a próxima meta de Taxa Selic terá aumento, queda ou estabilidade.
Diferenças entre as varições da Taxa Selic
Apesar de ser classificada como uma taxa única, a Selic possui duas principais variações: a Selic Meta e a Selic Over.
Embora estejam relacionadas, elas possuem diferenças que afetam, principalmente, as suas aplicações na economia brasileira.
Dessa forma, para entender com clareza a taxa básica de juros, é necessário compreender o funcionamento de cada uma dessas variações.
Se você ficou um pouco confuso, não se preocupe! Vamos te explicar detalhadamente a diferença entre a Taxa Selic Meta e a Taxa Selic Over!
Taxa Selic Meta
A Selic Meta é aquela definida a cada 45 dias pelo Copom em suas reuniões. Seu percentual serve de base para todas as outras taxas de juros aplicadas no país.
No entanto, apesar de ser a mais famosa e que aparece com frequência nos noticiários, ela representa - literalmente - uma meta de alíquota a ser adotada no intervalo de tempo entre uma reunião e outra do Copom.
A Selic Meta busca influenciar o nível geral de juros na economia, afetando o custo do crédito, o comportamento do consumo e os investimentos.
Portanto, ela é usada como referência para o controle da inflação e serve como objetivo para a política monetária a longo prazo.
Taxa Selic Over
Enquanto a Selic Meta é a projeção da taxa de juros, a Taxa Selic Over representa a taxa real aplicada na economia e está diretamente ligada aos empréstimos realizados entre os próprios bancos.
De maneira geral, o BCB exige que os bancos finalizem as atividades do dia com algum dinheiro em caixa para evitar que a inflação dispare.
Inclusive, o nome Over vem do termo “overnight”, que significa - em tradução literal - “durante a noite”.
Isso porque os empréstimos interbancários costumam ser feitos no final do dia dia e com um prazo máximo de 24 horas.
Entretanto, como o fluxo de operações dessas instituições é intenso todos os dias, é comum que elas peguem empréstimos com outros bancos para cumprirem a medida do BCB e não terminarem o dia “no vermelho”, com o caixa negativo.
Nesses empréstimos é normal que os bancos utilizem títulos públicos como garantia de pagamento.
Assim, a média dos valores aplicados diariamente nessas negociações dá origem à Taxa Selic Over.
Para que serve e como funciona a Taxa Selic?
Como já dito anteriormente, a Taxa Selic desempenha um papel fundamental na estratégia de política monetária do Brasil.
Esse sistema estabelece o compromisso do país em implementar medidas para manter a inflação dentro de uma faixa previamente definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), visando garantir a estabilidade econômica e prevenir desajustes nos preços.
Ou seja, a Taxa Selic tem o poder de impactar todo o ecossistema econômico e financeiro do Brasil e suas variações impactam diretamente 4 pilares, sendo eles:
1. Juros
O primeiro impacto da Selic não poderia ser outro a não ser os juros, certo? Afinal, você já leu neste artigo que o indicador é também conhecido como a taxa básica de juros.
Portanto, é ela que vai dar o norte para todas as outras alíquotas aplicadas em território nacional.
Dessa forma, as variações da Selic podem influenciar tanto as taxas de empréstimos e financiamentos quanto os rendimentos de investimentos em renda fixa, por exemplo.
2. Inflação
Outro pilar fundamental da Selic diz respeito à inflação. Na prática, as duas estão diretamente ligadas, andando lado a lado nos aumentos e também nas quedas.
Sendo assim, quando a inflação está alta, o BCB aumenta a Selic para frear o consumo da população.
Isso porque, com taxas de juros mais altas, as pessoas costumam contratar menos empréstimos e financiamentos e cortar alguns gastos mais banais.
Em outras palavras, se não houver demanda, a inflação obrigatoriamente volta a cair.
A partir do momento em que a inflação cai e se aproxima do piso previsto, o Copom também reduz a taxa básica de juros.
Essa ação estimula a população a pegar empréstimos e financiamentos em condições mais favoráveis, além de fomentar o consumo e retomar o crescimento da economia.
3. Investimentos
A Taxa Selic tem um papel fundamental no desempenho dos investimentos no Brasil, pois influencia diretamente a rentabilidade de diversos tipos de aplicações financeiras, principalmente aquelas de renda fixa.
Quando o índice está em alta, os investimentos de renda fixa como Tesouro Direto, Poupança ou Certificado de Depósito Bancário (CDB) são beneficiados.
Por outro lado, com a Selic em baixa, o incentivo passa a ser na bolsa de valores.
Isso ocorre porque, com a queda dos juros, a tendência é de aumento na produção, no consumo e no lucro das organizações.
4. Câmbio
Embora não seja o único fator determinante para a variação da moeda estrangeira no Brasil, a Selic também tem um papel muito importante nesse processo.
A relação entre a taxa básica de juros e o câmbio se dá principalmente por meio dos efeitos que a Selic exerce sobre o fluxo de capital estrangeiro e a atratividade de investimentos no país.
Quando a Taxa Selic está elevada, o Brasil se torna mais atrativo para os investidores estrangeiros que buscam retornos maiores em ativos de renda fixa, como títulos públicos, CDBs, e outros investimentos atrelados à taxa de juros.
Em contrapartida, quando a Selic é reduzida, os investimentos em renda fixa no país tornam-se menos atrativos para investidores estrangeiros.
Isso resulta em uma menor entrada de capital estrangeiro ou até mesmo na saída de recursos, o que aumenta a demanda por dólares e pode desvalorizar o real.
Como a Taxa Selic influencia o mercado imobiliário?
Se você chegou até aqui, com certeza já notou que uma única taxa é capaz de alterar inúmeros setores da economia, certo?
E é claro que o mercado imobiliário não ficou de fora dessa!
A variação da Taxa Selic tem o poder de influenciar o mercado imobiliário de diversas maneiras, direta ou indiretamente.
Financiamento imobiliário
Se estamos falando de juros, é óbvio que não podemos deixar de fora os financiamentos imobiliários.
A Selic é um dos principais indicadores utilizados pelos bancos para definir as taxas de juros dos financiamentos imobiliários.
Ou seja, quando ela está alta, as taxas de juros dos financiamentos também tendem a subir, tornando o crédito imobiliário mais caro e as parcelas dos financiamentos mais elevadas.
Isso reduz a acessibilidade de compradores potenciais e pode desacelerar a demanda por imóveis.
Com a Selic baixa, os bancos oferecem juros mais atrativos nos financiamentos, tornando as parcelas mais acessíveis.
Dessa forma, a procura por imóveis cresce, favorecendo tanto os compradores quanto o mercado imobiliário como um todo.
Construção Civil
Se o cenário está favorável para a procura por imóveis, é natural que haja um aumento na demanda das construtoras.
A taxa básica de juros em queda também representa novas oportunidades para o setor.
Isso porque a facilidade em conseguir empréstimos permite que a construtora possa realizar maiores investimentos em suas construções.
Em contrapartida, quando a Selic está alta, o financiamento para novos projetos se torna mais caro, dificultando o acesso a recursos e, consequentemente, reduzindo o ritmo de lançamentos e a construção de novas unidades.
Investidores
Ainda sobre os reflexos da Taxa Selic no mercado imobiliário, não podemos deixar de citar o impacto nos investidores do setor.
A facilidade do financiamento, os juros baixos, o aumento na procura por imóveis e o estímulo às construtoras indicam o contexto ideal para quem enxerga no mercado imobiliário uma oportunidade de investimento.
Valorização e desvalorização de imóveis
Outro aspecto importante para ser levado em consideração quando estamos falando de Taxa Selic, é o impacto na valorização e desvalorização de imóveis.
Com a taxa de juros em alta, a tendência é que haja uma redução na demanda por compra de novas propriedades, já que muitas pessoas optam por adiar essa decisão.
Dessa forma, quando a demanda está mais fraca, a valorização dos imóveis desacelera e, em alguns casos, pode até haver desvalorização, especialmente em regiões onde a oferta supera a procura.
Já quando a Selic está baixa, o cenário é justamente o contrário.
Isso quer dizer que o ambiente de juros menor tende a impulsionar a valorização dos imóveis e aumentar a demanda no mercado.
Aluguel
Por fim, a Taxa Selic também afeta o mercado de aluguéis, embora isso seja feito de forma indireta.
Como já dito anteriormente, quando a taxa de juros está alta, o financiamento imobiliário se torna mais caro e menos acessível para muitos dos potenciais compradores.
Assim, essas pessoas acabam optando por alugar um imóvel em vez de comprar, aumentando a demanda no mercado de locação.
Portanto, esse aumento na procura por aluguéis pode resultar na elevação dos preços, especialmente em áreas com maior demanda e baixa oferta de imóveis disponíveis para locação.
Qual é a Taxa Selic de hoje?
A atual meta para a taxa básica de juros está 10,75% ao ano em 2024 (atualização realizada em 18.09.2024).
Para acompanhar o histórico completo dos anos anteriores acesse o site oficial do BCB.